Na meritocracia eu acho que me equiparo aos melhores currículos. Acho que muito poucos músicos no Brasil tem um Mestrado em Performance nos EUA, ganharam Prêmio em Concurso Nacional e são formados na UFRJ. E ainda tenho crítica.
E eu sei que não é por aí que a coisa vai. Me perguntam se eu quero tocar por um cachê razoável. Quero! Aí me empolgo e já vou apresentando o que é pedido. Depois me é dito que "vai haver uma seleção".
Isso é a estória da minha vida. Nessa hora aí eu já percebi que o que fazem é usar meu currículo para valorizarem os da panela que já estão selecionados e mostrar que venceram um sujeito com meu currículo.
Já fizeram isso antes e eu burro, caio de novo.
Quem vai me contratar não quer saber de seleção. Me contrata e está acabado. Não suporto seleção, prova, teste, nada.
Nunca vou. Odeio! Não sou cavalo de corrida. E já ganhei. Fui bolsista da CAPES e morei 3 anos nos EUA com tudo pago, Inclusive meu carro. Não vou passar a vida ganhando competição.
Mas aí, a pessoa te conhece e o idiota, embarca.
Aí, depois me diz: " - Olha, infelizmente você não foi selecionado".
Sou um pouco desligado e faço besteira.
Eu toco é no O Jazz & O Samba, e está ótimo. Não tenho que estar mendigando seleção de nada.
E o pior é que o tal patrocinador leu o projeto do O Jazz & O Samba, me respondeu que era ótimo mas disse que, infelizmente não podia participar. Só lembrei disso depois que já tinha enviado tudo. E O Jazz & O Samba está aberto esta noite, nesse frio, sem patrocinador nenhum.
Não me chamem para seleção de nada. Sou velho, vou fazer 66 anos e não aturo ninguém.
Podem ter certeza que tenho muito mais que o valor de cachê de seleção. Às vezes fico na baixa e faço burrice.
Tenho vontade de me dar um soco por certas coisas. Não me perdoo. Não tem mesmo perdão.
Já pedi p'ra me tirarem de seleção. Não vou.