No bar acontece de tudo. As pessoas, às vezes, ficam procurando algo para te fazer cair do cavalo.
Meu cliente, cheio de whisky sentou bem em frente ao Kurzweil, bem pertinho de mim. Pediu p'ra eu tocar Tom Jobim e mandei direto. Toquei João Donato, Dorival Caymmi, Nelson Cavaquinho, Sonny Rollins, temas meus, e até fiz um Stella muito bem feito.
Aí, ele começou a querer mexer comigo e balbuciou uma música que já ouvi mas não sei o nome e nem conheço toda a melodia. Perguntou se eu só tocava o que tinha escrito (o que nunca é verdade porque nunca toco exatamente o que está escrito e fui eu quem escrevi ou veio ricocheteando por aí, porque antigamente era assim. Uns passavam músicas para os outros e cada um ia modificando do seu jeito. Não havia escola). Hoje, tem tudo na internet e (alguns) ótimos professores que lecionam individualmente.
Saí acompanhando "o cantor" em Sol menor e ele dava gritos de alegria. Mas nem eu nem ele sabíamos a música. Mesmo assim, dei um esbarro e ele gritou "errou". E ria.
Ao final ele disse: " - O morro inteiro tem que vir aqui".
(Foto realizada por meu filho, sem luz, no tablet, na noite em que vieram 11 noruegueses ao Piano Bar).
