E quem abre p'ra isso vai ganhar dinheiro. O mundo acabando, então o negócio é esquecer.
Mas o mundo está mesmo acabando? Acho que não. Ao menos para quem se liga no Jazz. O Jazz não anuncia nada disso. Só te leva.
Mas tem que sentar para ouvir.
Acho sacal esse negócio de fazer tributo. Tributo a músico que toca? Ao Miles Davis, como trumpetista? Seria o mesmo que fazer um tributo a Marc Chagall. Pintar Marc Chagall? Não vai dar certo.
Dá p'ra homenagear os autores dos temas, que é o que fazemos toda noite. Mas tributo é que dá dinheiro.
Quer dizer: eu faço o que não dá dinheiro. E o pior é que continuo fazendo sabendo disso. Então não pode ser porque dá dinheiro. Tem que haver uma outra razão. A estória da pessoa, talvez. O já ter visto uma porção de coisas e nenhuma te move.
Talvez seja isso. Fazer o que me move e me contentar com o que recebo. Quando recebo. Assim, nunca perco.
