google-site-verification: google70a87163d1973dd7.html O Jazz & O Samba: Fim do diploma para jornalistas - bom para a crítica

Fim do diploma para jornalistas - bom para a crítica

Com o fim da Lei de Imprensa e da obrigatoriedade de diploma de curso superior para o exercício da profissão de jornalista abrem-se portas para a modernização dos quadros nos meios de comunicação, principalmente no que diz respeito à crítica chamada "especializada". De especializada, a crítica hoje não tem nada. É um jogo de interesses que não permite renovação, entrada no mercado de alguém sem QI alto ou apaniguado pelo poder econômico, para dizer o mínimo em relação ao que acontece com artistas e músicos. É por isso que prevalece sempre a baixa qualidade musical no mercado.
          Inúmeros jornalistas hoje atuantes não tem qualquer curso superior. Muitos começaram cedo, nos jornais, trabalhando como "focas". São os "jornalistas provisionados", base da formação jornalística no Brasil. A maioria dos colunistas não tem diploma em jornalismo.
          Essa coisa de jornalista avacalhar meu nome me chamando de Braulio é coisa de jornalistinha egresso de faculdade de comunicação. Jornalista de respeito, que lutou para conquistar seu espaço, não se presta à molecagem.

          Minha decepção com o jornalismo é a mais ampla possível. Trabalhei no Jornal do Brasil em 1970 e fui demitido porque minha mãe descobriu que eu era obrigado a dar carona em meu Corcel 70, 0 Km., ao meu chefe na época, Roberto Quintais e sua noiva. Eu tinha 20 anos e havia ganho um carro zero. Além disso, tinha uma namorada que parecia a Catherine Deneuve, nos bons tempos. Havia participado do Festival Estudantil da Globo em 67, no João Caetano com transmissão nacional, para todo o Brasil. Estava com a bola cheíssima. E ainda tocava piano, violão e compunha. Parei com o violão porque achei que me dispersava em relação ao piano. Mas aprendi bastante coisa de harmonia.
          Muito bem. Aí, alguém contou para minha mãe que eu era obrigado a carregar o chefe e a noiva para não ser demitido. Precisava do dinheiro porque tinha que sustentar o carro. Esta era a condição.
          Então, um belo dia, minha mãe, que era Procuradora do Ministério Público, apareceu no estacionamento junto com a amiga mais gorda que tinha e foram todos entrando no carro. Um mal estar geral porque o Quintais é um sujeito alto e a noiva dele estava sem saber o que dizer. Minha mãe tinha um metro e meio de altura. Todo dia minha mãe chegava pontualmente ao estacionamento, com a amiga, seríssima. Aí o chefe arranjou lá um motivo e me demitiu. Tenho trauma de jornalista desde então.

          Acho que a mudança é pertinente, vai estimular a renovação no mercado jornalístico e de novas midias, como este blog em que lhes escrevo. Um crítico de música especializado tem que conhecer música com maturidade e conhecimento de causa, além do espírito crítico. Se não, vai só copiar as contracapas. Afinal, o que interessa na condição para ser jornalista é, principalmente, saber escrever. E aí, é claro, é só separar o joio do trigo.

P.S. Minha aventura no Jornal do Brasil foi o único trabalho com carteira assinada que jamis tive na vida. Foi em 1970 e tinha 20 anos. Durou pouco mais de três meses. Já tocava em bar desde os 17, em plena ditadura e escondido da polícia. Comecei tocando num "inferninho" na Barra de nome Barramar. Não entendia porque quando acendia uma luz vermelha eu tinha que ir para um dos quartinhos nos fundos da boite e ficar lá quietinho com umas moças muito atenciosas. Até então a única coisa que fazia, além de namorar, estudar e ir à praia, era ir às aulas de piano, primeiro com Maria Calazans na Rua Sá Ferreira e depois na Rua Júlio de Castilhos e a seguir com Nadir Soledade, no Leblon.
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