google-site-verification: google70a87163d1973dd7.html O Jazz & O Samba: A Crítica, abaixo da crítica

A Crítica, abaixo da crítica




O Ministro da Cultura JUCA FERREIRA, no seminário promovido pela APTR (Associação de Produtores de Teatro do Rio de Janeiro), em Abril, foi quem levantou a questão. "A crítica de Arte (todas as artes) no Brasil é abaixo da crítica". O ministro está propondo a inclusão de nova modalidade de incentivo que promova a formação de novos críticos em todas as áreas de expressão artística.
          E é a mais pura verdade. A crítica é péssima e nada especializada. No caso da música então... No que diz respeito ao jazz é só um arremedo, um joguinnho de interesses. Um clubinho. Quanto ao Samba Jazz Brasileiro nem se cogita. Não há nem escaninho ou aba para o gênero. O Guru de jazz do crítico d'O Globo, por exemplo, é um cantor pop nacional.

          Meu disco "Arte de Amar", lançado em 2005 só teve crítica do excelente JOSÉ DOMINGOS RAFFAELLI, um dos dois críticos dígnos de crédito, no Brasil. E crítica muito favorável. Raffaelli descreve com precisão a minha visão da música e discorre sobre a concepção do improviso (para ampliar o texto ao lado, clicke em cima), no registro. Isso, sem que jamais tenhamos trocado uma palavra sequer sobre o assunto.

          Não sei se ele me permite dizer mas a isenção de Raffaelli pode ser traduzida no episódio ocorrido quando eu vendia o CD "Arte de Amar" na saída da Estação do Metrô, no Catete (entre outros lugares): Um Senhor parou em frente ao stand onde tocava o CD e ficou ouvindo-o demoradamente, observando o carrinho com o stand sem dizer uma palavra. Supus que poderia ser o crítico mas fiquei com medo de perguntar. Era comum algumas pessoas que paravam em frente ao carrinho quererem apenas ouvir, sem muita conversa. Quando falei com ele, por e-mail, sobre o disco, apenas me disse que o deixasse na portaria de seu prédio. Daí minha timidez em assediar alguém, que não tinha certeza se era a pessoa certa porque nunca o havia visto pessoalmente, embora tenha escrito a meu respeito. Ficam aqui minhas desculpas públicas por não haver cumprimentado o crítico. Este é o comportamento de um verdadeiro crítico. Ele não espera "tapinha nas costas". Diz o que pensa e argumenta com convicção sobre seus pontos de vista falando com conhecimento de causa e não porque "fulano disse ou alguém falou".

          Em oposição à atitude correta de Raffaelli posso lembrar o ocorrido por ocasião do telefonema que recebí do Jornalista JOÃO MÁXIMO. Máximo é pesquisador e estudioso de música popular brasileira com interesse especial sobre as raízes e formação do Samba, no Brasil. Foi ele quem escreveu a matéria de página inteira do Segundo Caderno d'O Globo, à respeito de meu trabalho, em 2005, quando fui contratado pela família de Ary Barroso para restaurar o acervo inédito do compositor e escrever os arranjos para piano que comporiam o "Cancioneiro Ary Barroso Raro e Inédito, para piano" (sobre este trabalho voltarei um dia a falar à respeito).
          Máximo me disse ao telefone: - "Ouvi seu disco. Isso é bolero, não é Samba". E nunca mais tocou no assunto. O que Máximo não considerou é que o "Arte de Amar", é Samba, sim. É "Samba Moderno", "pós-bossa nova". E isso ele não sabe. E nem quis dicutir o assunto comigo. Será que o Máximo pensa que sabe mais música do que eu...(rs). O que Máximo não considera é que sendo músico brasileiro, que estrutura sua criação musical sobre raízes brasileiras, eu não poderia deixar de considerar o "Samba Canção", que dominou o Brasil a partir do final da década de 30 e reinou absoluto até o fim dos anos 50, quando adveio a bossa-nova. O Samba Canção foi influenciado pelas baladas norte-americanas e pelo bolero mexicano. Era um "Samba Lento", romântico, e melodioso.
          Mas isso, de achar que meu samba é bolero não é exclusividade de Máximo, não. Já vi músico ignorante dizendo isso, também.
          A questão é que as pessoas se habituam a fórmulas preconcebidas para se orientarem. Fica bem mais fácil. Se não for uma coisa "speed" (que eu não tenho maiores interesses, embora possa pensar em criar algo no estilo), então não é Samba Moderno! Só bobagem.
          O que a turma não considera é que o Samba, como o Jazz (embora o primeiro seja infinitamente mais complexo) incorporam as mais diversas correntes musicais à sua volta.

          O resultado da falta de interesse pela chamada "crítica especializada", ou a falta dela, é o que torna mais difícil para colocar o disco no mercado, é claro. Além de, pela falta de divulgação e interesse no comercial sem conteúdo, o CD independente, embora de qualidade não toca nas rádios ou mesmo nas lojas de disco o que dificulta ainda mais o processo de venda. Resta-nos a internet, e agora o Twitter, como ferramentas de marketing. E isso não muda nunca porque os "ditadores do mercado" (codinome para o que era conhecido como formadores de opinião), não querem largar o osso porque sabem que se perderem esse emprego vão fazer o quê?

P.S A Crítica de Raffaelli além de ter sido publicada no Jornal das Gravadoras, que tem pequena tiragem saiu também na International Magazine.

10:26hs.

Deixei de mencionar que jornalista odeia músico. Muitos tentaram e não conseguiram. Adquirem "poder" através do acesso à midia de que dispõem e se vingam, então. Publicar o nome de músico de maneira errada é só uma das práticas adotadas no jornalismo, no Brasil. Em praticamente 100% dos casos o músico é simplesmente ignorado pelos meios de comunicação institucional.
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